quinta-feira, 2 de julho de 2015

Cardozo admite deixar Ministério de Dilma


A presidente Dilma Rousseff volta ao Brasil com uma informação que a deixa preocupada: o Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, admitiu para aliados e correligionários que poderá deixar o cargo que ocupa há quatro anos e meio. Cardozo, para quem acompanha o dia-a-dia da política em Brasília, dá sinais de cansaço diante dos rumos do Governo e do escândalo de corrupção na Petrobras. O cansaço está expresso no semblante quando Cardozo aparece em entrevistas.

Segundo reportagem do Jornal Folha de São Paulo, edição desta quinta-feira (02/07) Cardozo já dava sinais de cansaço desde meados do ano passado, mas a situação se agravou com as pressões internas no PT e o avanço das investigações da Operação Lava Jato. Integrantes da cúpula petista consideram que Cardozo poderia ter se articulado para dar mais proteção ao Governo e ao PT.

Essa avaliação surge porque a  Polícia Federal, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, é subordinada ao ministro. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixa a interlocutores de que o ministro, da cota pessoal de Dilma, perdeu o controle da PF. Ao ser abordado sobre as notícias de que deixaria o Governo, o ministro disse apenas que “permanece no cargo durante o tempo em que a presidente avaliar que devo permanecer”.

Cardozo, de acordo com a reportagem da Folha, tem dito estar “de saco cheio” e lembra que todo ministro tem “prazo de validade”. Ele afirma, em conversas reservadas, que há uma “fadiga de material” ao lembrar ser o ministro da Justiça mais duradouro do período democrático. O segundo é Márcio Thomaz Bastos (1935-2014), que ficou quatro anos e dois meses no cargo. Cardozo diz em privado que o cargo representa custo pessoal alto. Recentemente, ele sofreu uma bem-sucedida cirurgia na tireóide.

Parte dos seus interlocutores desconfia da real intenção de Cardozo em deixar o cargo. Eles acreditam que o ministro busca, na verdade, um afago de Dilma para permanecer no governo fortalecido, em meio ao tiroteio petista contra sua permanência. Na semana passada, a executiva nacional do PT decidiu convidar Cardozo a dar explicações ao partido sobre a atuação da PF. Não houve nenhuma defesa pública de Cardozo, justamente o ministro escalado por Dilma para defender o governo em momentos de crise.

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